O Argumento em Prol das Fronteiras Abertas

Los Angeles family separations protest, June 14, 2018. PHOTO: Jayrol San Jose
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Tradução: Vera Coimbra (Luta Socialista – Brasil).

No último verão, Steve Hoffman concorreu aos Senado dos Estados Unidos e foi o único dos vinte e nove candidatos que reivindicou a abertura das fronteiras. Os questionamento que lhes foram feitos sobre esta sua postura e suas apaixonadas respostas nos levaram a escrever esta artigo.

O que significam Fronteiras Abertas. As fronteiras têm a ver com o controle sobre os trabalhadores, por parte das gigantes corporações que dirigem o espetáculo. Abrir fronteiras significa acabar com as restrições à migração, legalizando o movimento de todos os trabalhadores através das fronteiras. A migração “ilegal é um conceito fabricado pelo capitalismo.

A exclusão racista dos imigrantes chineses ocorre desde 1882, mas a fronteira entre EUA e México permaneceram abertas até o ano de 1924, quando foi estabelecida a Patrulha Fronteiriça, que é um instrumento de repressão com longo histórico de assassinatos, inclusive de crianças e de cidadãos americanos, além de mexicanos. Neste verão, o sequestro (separação) dos filhos de imigrantes e de pessoas que estavam pedindo asilo foi apenas o exemplo mais recente. Os programas de Trabalhadores convidados, favorecidos por políticos do Partido Democrata, são utilizados para fornecer trabalho temporário, submetidos ao total controle dos chefes . Estas medidas elimina o direito dos trabalhadores de se organizarem. Aqueles que protestam, não só são reprimidos, como podem ser mandados de volta para seus países e ainda terem seus nomes incluídos em uma lista que os proíbem de voltar. Essa deterioração das condições de trabalho prejudica a todos, não apenas aos trabalhadores imigrantes.

Os atuais ataques do Partido Republicano, contra todos os imigrantes que não são brancos, são apenas uma forma de controlar os trabalhadores. Estes ataques reforça o racismo e a xenofobia e impede a solidariedade no trabalho. Na realidade, os imigrantes formam uma parte essencial de uma força de trabalho que cada vez tem menos oferta nos Estados Unidos. A tentativa de transformar os trabalhadores estrangeiros em bode expiatório, tem como objetivo apenas construir o poder da direita, ao invés de gerar empregos.

O perigo do fascismo. Os movimentos nazistas e de supremacia branca estão aumentando na maioria dos países ricos, para onde as pessoas naturalmente fogem, em busca de emprego. A história mostra que estas organizações são financiadas por grande empresas e, em última análises, objetivam diminuir os movimentos de trabalhadores. Os grandes industriais apoiaram o movimento nazista da década de 1930, para que o movimento operário fosse destruído. Puseram fim à solidariedade, colocando a culpa em judeus, militantes de esquerda, ciganos, homossexuais e pessoas com deficiências, pela crise financeira. Os ricos donos de escravos nos Estados Unidos financiaram a Ku Klus Klan e criaram as leis de Jim Crow. Os efeitos perduram até hoje nos estatutos do direito ao trabalho e nas escalas salariais mais baixas dos Estados Unidos. Assim como os preconceitos contra mexicanos no Sudoeste levaram ao rebaixamento dos salários e da taxa de sindicalização naquela região.

Atualmente vemos uma tendência mundial de movimentos de direita, respaldados por corporações que miram nos imigrantes, porque a crise econômica permanente e crescente tem deslocado milhões de pessoas. Para desviar a atenção da enorme disparidade dos salários, da guerra e do flagrante roubo da ultra direita, como as verdadeiras causas da pobreza e da falta de emprego, os poderosos induzem os trabalhadores a pensar que os outros trabalhadores são o problema.

As corporações não têm fronteiras. O capital viaja para onde quer que os ricos queiram. Os bancos e as bolsas de valores operam livremente através das fronteiras. Apesar das altas tarifas impostas por Trump, as mercadorias viajam pelo mundo. Tanto se se impõem tarifas, como se o livre comércio reinar, as fronteiras são controladas em benefício das grandes empresas. Existem poucas proteções para os trabalhadores ou para as pequenas empresas, em qualquer acordo comercial. 

Os problemas atribuídos aos imigrantes são sistêmicos no capitalismo. O presidente Trump, os conservadores e a direita estão utilizando esta política como isca e realizando mudanças. O principal problema dos trabalhadores nos Estados Unidos hoje não é a falta de emprego, mas os baixos salários. A única solução para isso é fortalecer o movimento dos trabalhadores, o que é totalmente dependente da solidariedade.

Os problemas do trafico de drogas e o crime organizado também é atribuído aos imigrantes, mas estes problemas são parte do comércio capitalista internacional, embora sejam ilegais. Nos últimos anos, os principais bancos norte-americanos e europeus, incluindo o Wachovia, o Citibank, o HSBC no Reino Unido e o Rabobank na Holanda, foram descoberto lavando dinheiro de carteis de drogas e de outros crimes organizados. Porque todo o capital flui livremente, as drogas e outros crimes não podem ser impedidos pelas fronteiras. De fato, à medida que as fronteiras vão se tornando cada vez mais fechadas para os trabalhadores comuns, este mercado ilegal vem crescendo dramaticamente.

Os problemas sociais como a drogadição (dependência química de drogas) e seu tráfico de níveis baixo poderiam ser resolvidos se fossem pagos salários decentes e os direitos trabalhistas fossem garantidos, além de assistência médica e de serviços sociais. As indústrias ilegais exploradoras só podem ser atacadas se lhes forem tirados os lucros. É por isso que o FPS defende a legalização das drogas, sob controle da comunidade, para reduzir os lucros com as drogas.

As crises causadas pelo capitalismo obrigam as pessoas a fugirem. Porque torna-los vítimas? As pessoas migram de suas casas por necessidade. O deslocamento forçado, seja devido à guerra, à repressão, ao colapso econômico ou à mudança climática, tem aumentado. A única maneira de resolver estes problemas é combatendo sua causa, o capitalismo. O sistema não resolverá estes desastres se se beneficia deles. Os trabalhadores devem se organizar através das fronteiras para que as condições sejam viáveis para todos.

Eles têm o direito humano de migrar para sobreviver. Quando Steve Hoffman estava falando com um sindicato de trabalhadores de estatais em um desfile de campanha em Yakima, Washington, foi questionado sobre sua posição em relação à imigração. Ele descreveu uma marcha em que esteve presente, anos antes, em defesa dos imigrantes. Ele marchou ao lado de um homem que era trabalhador, sem seus documentos mexicanos e que, quando o Nafta entrou em vigor, este home tinha uma pequena propriedade rural, mas que devido à avalanche de produtos baratos norte-americanos, perdeu sua fazenda e foi forçado a ir para os Estados Unidos procurar trabalho para sustentar sua família. Hoffman diz nunca ter esquecido esta história.

O poder está na unidade e na solidariedade. Se os trabalhadores enfrentam uns aos outros, tornam-se mais débeis frente à classe dominante. Em lugar de obrigar os trabalhadores de diferentes países a competir entre si por salários cada vez mais baixo, a organização através das fronteiras e das divisões raciais e étnicas podem mudar a situação . Além disso, os imigrantes tem muito a ensinar, pois geralmente são de países onde o movimento operário é mais militante e trazem consigo as habilidades do combate.

Os governantes querem que os trabalhadores pensem que são impotentes, mas como criadores de toda a riqueza, têm o poder supremo de retirar o seu trabalho. Hoje, mais do que nunca, a união dos trabalhadores é uma questão de sobrevivência e uma oportunidade de mudar as regras do jogo a seu favor.

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